Resenha: Persuasão - Jane Austen

Título: Persuasão
Titulo original: Persuasion
Autora: Jane Austen
Editora: Martin Claret
Ano da publicação: 1818
Páginas: 271
Para saber mais: Skoob

Sinopse: O enredo deste empolgante livro gira em torno dos amores de Anne Elliot que se apaixonara pelo pobre, mas ambicioso jovem oficial da marinha, capitão Frederick Wentworth. A família de Anne não concorda com essa relação e a convence romper seu relacionamento amoroso. Anos após Anne reencontra Frederick, agora cortejando sua amiga e vizinha, Louisa Musgrove. "Persuasão" é amplamente apreciado como uma simpática história de amor, de trama simples e bem elaborada, e exemplifica o estilo de narrativa irônica de Jane Austen, sendo original por diversos motivos, entre eles, pelo fato de ser uma das poucas histórias da escritora que não apresenta a heroína em plena juventude. O romance também é um apanágio ao homem de iniciativa, através do personagem do capitão Frederick Wentworth que parte de uma origem humilde e que alcança influência e status pela força de seus méritos e não através de herança.

Sobre o livro

Anne é a filha do meio das três irmãs da Família Elliot. Seu pai Walter Elliot, viúvo, é arrogante, vaidoso e esbanjador. Sua irmã mais nova Mary é casada com Charles e tem dois filhos. Elizabeth, a mais velha, é a preferida do pai. 

Desde a morte de sua esposa, Walter, sem se importar, gasta dinheiro sem pensar nas consequências, o que leva a família à decadência e a adquirir muitas dívidas. Isso faz com que a família coloque a casa para alugar e procure uma menor, que exija menos gastos, em um lugar mais distante. 

Logo após a morte da senhora Elliot, Lady Russel faz o papel de mãe, amiga e conselheira na vida de Anne. Oito anos atrás, Anne ficou enamorada de um moço, chamado Frederick Wentworth. Mas foi persuadida pela Lady Russel a terminar o relacionamento, pois não ficaria bem uma moça rica casar com um moço de condição social inferior ao da futura noiva. 

Com isso, Frederick vai embora para a guerra. No entanto, oito anos depois, com o final da guerra, ele está de volta. Pois foi, por coincidência, seu irmão que alugou a casa dos Elliot. Agora, Frederick regressa como capitão da marinha e rico. 

Anne não vai para casa nova com o pai e a irmã. Ela decide ficar um tempo na casa de Mary. Isso faz com que Anne tenha alguns encontros com Frederick e sua família, os quais se tornaram a sensação na pequena roda social em que a senhorita Elliot frequenta, pelas historias contadas sobre a marinha e a guerra. 

No meio de toda essa história, surge William Elliot, o único herdeiro dos Elliot, que ao que parece, está disposto a casar com Anne, que não corresponde ao interesse do primo.

Capa, edição e narrativa

O livro é uma publicação póstuma. Foi publicado pelo irmão da Jane Austen um ano após a morte da autora. Além disso traz o capitulo final que foi excluído pela autora e transformado em dois diferentes. São 24 capítulos, Realmente o final ficou melhor! 

A narrativa da autora é sempre muito gostosa. Mas achei a leitura, muitas vezes parada. O que vez com que eu demorasse um pouco para terminá-la.

Minha opinião

Não posso evitar a comparação com Orgulho e Preconceito. Mesmo gostando muito de Persuasão, senti falta de uma história de amor mais engraçada e angustiante. A pouca interação entre o casal deixou a leitura mediana. 

Conhecendo um pouco sobre a biografia de Jane Austen, podemos dizer que muito da sua vida está no livro. A autora também se apaixonou quando jovem, mas o namoro acabou por motivos econômicos. Depois do ocorrido, nunca mais se interessou por alguém. 

Anne me surpreendeu muito. Ela é muito bondosa e delicada. Está sempre disposta a ajudar a todos. Ainda mais que fazia tudo que a mandavam fazer, sem pestanejar. O modo como é tratada por seu pai e sua irmã mais velha me deixou com pena. 

Incomodei-me com o fato de que Frederick aparece e fala pouco. Com isso, não consegui compreender que tipo de homem ele realmente é. Em algumas conversas, percebi que ele guardava um ressentimento pelo acontecido entre ele e Anne.

Anne sofre calada com a perda do seu primeiro amor. Os encontros com Frederick deixam-na sempre pensativa e cheia de dúvidas. Não consegue identificar se foi perdoada pelo capitão, pelo modo que ele a tratava.

Não posso deixar de comentar as críticas feitas pela Jane Austen. Mesmo que algumas bem sutis, como o caso da formação escolar das mulheres e a diferença de oportunidades entre homens e mulheres. A autora critica a sociedade do século XIX e suas preocupações com o casamento por interesse, o preconceito e a diferença social com uma leve dose de ironia. 

Uma das coisas que mais gostei é o fato da autora trazer como tema as pessoas que alcançam por méritos e não por herança um alto poder social. Frederick não era um bom partido quando de baixa renda, mas após voltar para a guerra se torna um homem digno de casar com qualquer mulher. Estranho, né?

Mais uma vez, Jane Austen consegue abordar temas importantes de sua época, ao mesmo tempo que conta uma bonita estória de amor. Mais do que recomendo!