Resenha: A Criança no Tempo - Ian McEwan

Título: A Criança no Tempo
Título original: the child in time
Autor: Ian McEwan
Tradução: Jorio Dauster
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2018
Páginas: 288
Para saber mais: Skoob
Livro recebido em parceria com a editora.
Sinopse: Numa ida rotineira ao supermercado, Stephen Lewis, escritor bem-sucedido de livros infantis, se depara com a maior agonia de um pai: Kate, sua filha de três anos, desaparece sem deixar rastros. Numa imagem terrível que se repete ao longo dos anos seguintes, ele percebe que a garota não vai voltar. Com ternura e sensibilidade, Ian McEwan nos leva ao território sombrio de um casamento devastado pela perda de um filho. A ausência de Kate coloca a relação de Stephen e de sua esposa Julie em xeque, enquanto cada um deles enfrenta à sua maneira uma dor que só parece se intensificar com o passar do tempo.


Sobre o livro

Stephen Lewis é um escritor de livros infantis, ele leva uma vida tranquila em Londres com sua família, mas tudo muda em uma manhã de sábado quando vai com sua filha ao supermercado. Stephen está colocando as compras no caixa, e Kate está brincando, quando, em questão de segundos, a menina some. Uma busca desesperada começa dentro do mercado, a polícia chega, contudo Kate não é encontrada.

Agora Stephen precisa contar o ocorrido à esposa, e os dois vão precisar lidar com o ocorrido. Com o passar dos dias, o casamento parece não ter mais sentido, assim enquanto cada um deles enfrenta, à sua maneira, a dor da ausência da filha, que parece intensificar com o passar do tempo, eles precisam continuar com suas vidas. 



Minha opinião

Eu conhecia o nome Ian McEwan por causa do livro Reparação, que nunca li, mas tenho muita vontade. As críticas a esse autor são sempre muito positivas, e a oportunidade de conhecer a escrita dele veio através de A criança no Tempo. O livro é muito diferente do que eu tinha imaginado, tem uma história de dor profunda e um final surpreendente.

A narrativa é feita em terceira pessoa e tem o foco em Stephen, a história não segue uma linha linear, pois a todo momento somos transportados para lembranças do passado do protagonista. A escrita do autor é tão madura, sensível, bonita e impactante, que, nos primeiros capítulos, eu fiquei imersa na leitura de uma maneira inexplicável. O modo como Ian narra e passa os sentimentos dos personagens e tão intenso, que eu juro que estava sofrendo junto com eles. Contudo a narrativa toma outro caminho e esse sentimento acabou indo embora, mas mesmo assim eu já estava muito envolvida com tudo e o sentimento de tristeza ficou presente o tempo todo.

Stephen Lewis é um homem perdido. Foi assim que o vi o tempo todo a partir do momento em que ele perde a filha. Eu sentia como se ele estivesse ligado no modo automático, só vivendo. Como a narrativa toda é centrada na consequência do sumiço de Kate, vamos ver a relação dele com a esposa e com os pais transformada por causa desse acontecimento. E isso é muito rico na obra, pois o autor trabalha isso de uma maneira muito sublime e cheia de flashbacks, que só estão ali porque Lewis está revendo sua relação com essas pessoas.

Enquanto vivia aquele ano, contudo, ele sentia que estava num tempo vazio, sem significado ou propósito.

Além disso, Stephen faz parte de uma comissão no Parlamento para a saúde e educação das crianças. Ele e outros membros se encontram para discutir, entre outros assuntos, o modo como as crianças devem ser educadas. E nesse contexto que conhecemos Charles Drake, o melhor amigo de Lewis, que resolve fugir da cidade grande e ir morar no campo. Aqui conhecemos um outro lado do protagonista e vemos como ele levava sua vida antes de escrever seu primeiro livro e como ela mudou com a publicação dele.

Para mim o ponto alto do livro é tema tempo. Aqui a palavra tempo aparece o tempo todo, mas cada vez com um significado e com um peso diferente. Eu fiquei encantada com o modo que o autor brincou cm a palavra, em um determinado momento eu queria até contar quantas vezes o vocábulo aparece na obra, mas não o fiz, quem sabe em outra oportunidade faço um estudo sobre isso. O autor vai mostrar como os momentos em que estamos passando em nossa vida moldam nossa percepção de tempo, um minuto que parece horas e horas que parecem minutos.

A Criança no Tempo vai falar sobre luto, culpa, amor e sofrimento, enquanto mostra que o tempo nem sempre cura todas as feridas. Ian McEwan mostra porquê é um escritor aclamado pela crítica.



3 comentários

  1. Oi, Lê!
    Acho muito bacana quando um dos personagens principais de um livro é escritor. Me parece que a narrativa flui diferente do que se ele não fosse, sei lá. Ainda não conhecia este livro.

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  2. Eu não fiquei tão interessada pela proposta do livro mas eu pretendo ler esse livro autor porque já tive uma boa experiência com ele como por exemplo no livro enclausurado que conta a história de um aborto no ponto de vista do próprio bebê e foi uma ótima leitura então espero que essa também seja

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    Respostas
    1. Carolina, também li o Enclausurado, de Ian McEwan, e não lembro desse desfecho que você menciona. Na verdade, pelo que lembro, tem um final em certa medida semelhante à obra resenhada.

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