Resenha: Suicidas - Raphael Montes

Título: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 432
Para saber mais: Skoob
Livro recebido em parceria com a editora.
Sinopse: Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – e aparentemente sem problemas – a participarem de uma roleta-russa? Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio. Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte dos seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo muito maior começa a se revelar.


Sobre o livro


Há um ano, nove jovens universitários da elite carioca reuniram-se em um porão para participar de uma Roleta Russa, resultando na morte de todos. Agora, depois desse tempo, a delegada responsável pelo caso, Diana Guimarães reúne as mães desses jovens para apresentar uma nova prova do caso, um caderno no qual Alessandro narra em detalhes o jogo.

Essas mulheres vão reviver todos os acontecimentos ocorridos naquele porão, na busca por respostas tanto para os motivos que levaram seus filhos a cometem suicídio quanto para compreender como a sala na qual aconteceu a roleta ficou no estado em que foi encontrada, fato que até hoje está sem explicação.
  
Minha opinião

Raphael Montes tem ganhado cada vez mais destaque na Literatura Nacional, seus livros são sempre elogiados. Suicidas, o primeiro livro do autor, foi escrito quando ele tinha apenas 19 anos e foi finalista de 3 prêmios literários brasileiros. Além disso, a obra já foi adaptada para o teatro e em breve virará filme. Com tudo isso, eu tinha que conhecer essa história!

O livro possui três linhas narrativas:
1ª – Acompanhamos a delegada e sete mães reunidas lendo as anotações do caderno de Alessandro e tecendo comentários sobre tudo que é lido. Na minha opinião, aqui está o tom mais dramático do livro, pois acompanhamos as reações dessas mulheres perante a brutalidade com que seus filhos morreram. Muitas vezes, elas discutiram, choraram e ficaram chocadas com as narrações.
2ª - O caderno de Alessandro, que nos transporta para os acontecimentos envolvendo a Roleta Russa, a intenção dele era transformar essa narrativa em livro. Essa parte, para mim, foi a melhor e mais perturbadora. E nesses capítulos que toda a brutalidade acontece, em muitos momentos, eu fiquei chocada com o que li.
3ª - O “diário” regular de Alessandro. Nessa parte, acompanhamos o personagem relatando seu dia a dia. É através dessa narrativa, de dias aleatórios da vida de Alê, que conhecemos melhor os personagens, o modo como eles se conheceram e qual era o nível de amizade entre eles. Também conseguimos saber como o assunto sobre suicídio surgiu e quais os motivos que levaram o grupo a marcar o jogo.


Raphael foi genial ao apresentar a narrativa dessa maneira, mesmo que as narrações sejam interrompidas o tempo todo, meu ritmo de leitura foi constante. A vontade de acompanhar os acontecimentos do porão era tão grande que eu lia os outros capítulos na ânsia de saber o que aconteceu com o grupo de amigos. Além disso, com esse tipo de apresentação da história é possível traçar um paralelo entre todos os acontecimentos apresentados nas três narrativas, mostrando os motivos que levaram os jovens a decidirem pela Roleta Russa. 

A escrita do Raphael Montes é direta e envolvente, não somos poupados de cenas fortes e perturbadoras, as quais o autor descreve com muita clareza e muitos detalhes. O terror psicológico foi muito bem explorado através da vulnerabilidade dos personagens e da pressão psicológica sobre eles durante a roleta. Somente uma coisa me incomodou: alguns diálogos entre os personagens, achei algumas falas forçadas, mas nada que comprometesse minha leitura.

É possível traçar a personalidade de cada um dos personagens, eles são muito bem construídos e apresentados, consegui perceber o que atormentava cada um. Dois jovens ganham destaque durante a narrativa: Alessandro, o escritor do diário e do caderno, seu sonho é ser um escritor famoso, e é através dos relatos sobre a roleta que ele vê essa possibilidade se tornar real; e Zack, um jovem com personalidade forte e privilegiado financeiramente, que perdeu os pais em um acidente e vê sua vida sem rumo após esse acontecimento. Esses dois amigos são bem importantes para caminhar de todos os acontecimentos da trama, foram suas atitudes que mais me chocaram e causaram mal-estar.

O livro foi publicado pela primeira vez em 2012 e agora ganha essa nova edição pela Companhia das Letras. Montes aproveitou para fazer uma nova revisão, mudando poucas falas e inserindo um capitulo inédito, que traz novas informações sobre duas personagens. 

Suicidas surpreendeu-me com uma trama inteligente e bem elaborada, mostrando como a mente humana pode ser facilmente manipulada; com personagens completos e complexos; com temas importantes, como a sexualidade, o viver de aparências, as relações familiares, e o próprio suicídio; e com um desfecho impressionante e muito bem estruturado. Com certeza, quero ler mais livros do autor. 


5 comentários

  1. Oi
    Tudo bom?
    Sempre ouvi falar maravilhas desse livro. Já tive a oportunidade de ler outra obra do autor é sei como é maravilhosa a narrativa dele.
    Eu fiquei curiosa com esse caderno.
    Beijos

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  2. Olá Lê, tudo bem?

    Eu tenho um livro aqui do Raphael Montes, mas não consigo me recordar do nome (deu pra ver que eu fui bem atrás pra ler, né? ahhaha) e infelizmente não encontrei tempo para lê-lo. Fiquei bem interessada nesse enredo, mas coisas sangrentas me deixam meio... sei lá. Vou deixar a dica anotada, embora não seja um livro que leria no momento.

    Beijos

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  3. Oi, Lê. Tudo bem?
    Eu não li nada do autor ainda, acredita? No início achei que ele só escrevia terror e sou muito medrosa, mas vejo que esse é mais suspense, então fiquei muito curiosa e com vontade de realizar essa leitura. Beijos <3

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  4. o tema muito me interessa, sou louca pra ler algo do autor e coincidentemente esse foi o primeiro titulo que ouvi falar dele, numa edição de bolso que nem lembro qual a editora... mas pretendo adquirir esse da Cia, que ta´lindão...

    bj...

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  5. Eu li um livro do Raphael (Dias Perfeitos) e foi mais que o suficiente para a vida. Não é que ele escreva mal, escreve bem demais e suas histórias mexem com o leitor, mas eu particularmente não tenho estômago pra ler, normalmente tem mesmo essa brutalidade, com muitas cenas fortes e perturbadoras. Que bom que gostou e pretende ler mais livros dele.

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